Categoria: Banda Desenhada

Quadradinhos

Quadradinhos

Quadradinhos
Pedro Burgos.
Quadradinhos
João Fazenda.
Quadradinhos
Filipe Abranches.
Quadradinhos
José Smith Vargas.
Jorge Coelho.
Jorge Coelho.

Quadradinhos é o catálogo que surgiu da exposição dos portugueses no Festival de Treviso deste ano. Está um livro muito bem editado, com uma pequena história da banda desenhada portuguesa, da autoria do comissário da exposição Alberto Corradi. Marcos Farrajota fez a ponte, escreveu o prefácio e uma espécie de posfácio turístico onde elogia imenso a vossa livraria predileta.
A selecção parece-me magnífica, Nuno Saraiva, João Fazenda, José Smith Vargas, Ana Biscaia, Francisco Sousa Lobo, Afonso Ferreira, Pedro Burgos, Filipe Abranches, Miguel Rocha, Joana Afonso, Jorge Coelho, André Coelho, Pepedelrey e Rudolfo. As historietas estão em italiano, mas isso não é impedimento para adquirirem por apenas 15,00€ este belo livro e documento de 88 páginas. A edição pertence à Mimisol Edizioni e à Chili Com Carne.

Cannon

Cannon

Cannon

Cannon de Wallace Wood é uma colectânea de tiras destinadas originalmente aos soldados americanos em guerra no Vietname. Há uma mulher precariamente vestida (nua) de duas em duas ou — no máximo —, de três em três vinhetas, é “sexploitation” puro e à antiga. Não há uma única mulher que apareça e que por uma razão ou por outra não tire a roupa, sendo a pior delas todas a temível agente chinesa Madame Toy. Claro que a cruel agente comunista acaba apaixonada pelo nosso herói, o agente especial John Cannon.
Esta banda desenhada é de um tempo em que não havia o conceito do politicamente correcto e apesar do sexo e violência, há uma inocência na história que há muito tempo desapareceu deste meio. Hoje tem que ser tudo pensado e repensado antes da publicação, os personagens têm de ser muito existenciais e contemporâneos, carregados de problemas e dúvidas. Não Cannon, que é recto como uma seta. A esse basta-lhe liquidar agentes inimigos a torto e a direito e no fim do dia ter por perto uma mulher bonita.
A edição da Fantagraphics é a preto e branco, volumosa com 296 páginas e capa dura. É um bom livro para se ler nos dias de escapismo total.

Cannon

Reservas e pré-encomendas Comic Con Portugal

Pré-encomendas para a Comic Con Portugal

Ainda não podemos dizer exactamente em que moldes vamos participar na Comic Con Portugal, mas mesmo assim, têm sido confirmados uma série de autores e prevendo alguma escassez de livros (tendo em conta o tamanho do evento e a quantidade de pessoas esperadas), começamos a aceitar reservas e pré-encomendas de títulos de interesse, alguns temos na livraria, outros chegam em Novembro e se tudo correr bem, mais chegarão em Dezembro. Se têm intenção de visitar a Comic Con Portugal e pretendem obter autógrafos, assegurem desde já os vossos valiosos exemplares.

Brian K. Vaughan

Saga Vol. 1 a 3

Image Firsts Saga #1 (edição corrente)

Dr. Strange: Oath

Ilustrado por Marcos Martín, também presente.

Y, The Last Man

Ilustrado por Pia Guerra, também presente.

Marcos Martín

Dr. Strange: Oath

Com argumento de Brian K. Vaughan, também presente (ver acima).

Batgirl and Robin: Year One

Daredevil by Mark Waid 01

+
Back Issues da DC e Amazing Spider-Man.

Javier Rodriguez

Daredevil by Mark Waid Vol. 06

Superior Spider-Man Vol. 05

+
Back issues de Daredevil (vol. 3) #28, #29 e #34.

Carlos Pacheco

Avengers Forever

Superman Camelot Falls Vol. 1 e 2

Ultimate Comics Avengers: Next Generation

Ultimate Comics: Thor Vol. 01

+
Back issues de X-Men, Avengers e também da DC.

Claudio Castellini

Wolverine: The End

Ian Boothby

Simpsons Summer Shindig #8

Futurama Vol. 04

Pia Guerra

Y, Last Man Vol. 1 a 10

Y, Last Man Vol. 01 a 05 (capa dura)

Vertigo Essentials: Y, The Last Man #1

Com argumento de Brian K. Vaughan, também presente (ver acima).

Filipe Melo et al

Dog Mendonça Vol. 1 e 2 (edição americana da Dark Horse)

Actualização: Outros nomes (incluindo os que retiramos) teremos que deixar para o anúncio oficial, porque não estão confirmados pela organização (e tanto quanto sabemos firmes) e desse modo também não queremos vender livros sem a certeza absoluta de ter cá os autores.

Diversão no parque

A relação entre a banda desenhada e a temática policial é quase tão antiga como os próprios quadradinhos.

Parker, de Darwyn Cooke, é um dos mais recentes exemplos de sucesso.

Entre aqueles que inauguraram esta relação, dois dos mais significativos são Dick Tracy ((Criação de Chester Gould (1900-1985), estreou-se no Chicago Tribune a 4 de Outubro de 1931; apesar do seu traço caricatural, pode ser considerado um dos mais duros e violentos registos policiais em BD.)) e Secret Agent X-9 ((Detective antes de se distinguir como agente do FBI, o agente secreto X-9, que o Jornal de Notícias publicou durante décadas, surgiu a 22 de Janeiro de 1934, no Evening Journal. Era escrito pelo romancista Dashiel Hammett (1894-1961), criador do detective Sam Spade e do aventureiro Continental Op, que serviram de inspiração para este herói de BD. O desenhador era Alex Raymond (1909-1956), que anos depois, em 1946, criaria um outro detective de referência: o fleumático Rip Kirby.))

Não sendo intuito deste artigo debruçar-se exaustivamente sobre a banda desenhada de temática policial, não consigo deixar de citar mais quatro obras paradigmáticas, embora díspares em termos de origem geográfica, público-alvo e conceitos. São elas Ric Hochet ((Publicado em profusão nas páginas da revista Tintin portuguesa, Ric Hochet estreou-se na sua congénere belga em 30 de Março de 1955; curiosamente, as suas primeiras histórias eram contos ilustrados que, antes do desfecho, desafiavam o leitor a descobrir o criminoso. Os seus criadores foram André-Paul Duchateau (1927-), também autor de dezenas de romances policiais, e Tibet, pseudónimo de Gilber Gascard (1931-2010).)), as adaptações efectuadas por Jacques Tardi (1946-) ((A partir dos romances policiais do francês Léo Mallet (1909-1996), protagonizados pelo detective Nestor Burma.)), Sin City ((Policial negro, hiper-violento, escrito e desenhado por Frank Miller desde Abril de 1991, quando a primeira história curta foi publicada na revista Dark Horse Presents Fifth Anniversary Special.)) e Julia ((Ou J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga na versão brasileira da Mythos Editora que é distribuída em Portugal. Criação de Giancarlo Berardi para a Sergio Bonelli Editore, surge mensalmente em Itália desde Outubro de 1998.)).

Parker: Slayground

Parker: Slayground

Parker: Slayground

Parker: Slayground

Parker: Slayground

Richachard’s Stark’s Parker: Slayground

De Darwyn Cooke. Mas entremos – finalmente! — em Parker, que a introdução já vai longa. Contrariamente ao que é mais habitual na temática policial, Parker é um criminoso, que se distingue pelos golpes, geralmente levados a cabo em grupo, cuidadosamente seleccionados e preparados — o que não é sinónimo de que tudo resulte da forma que foi imaginada, para bem da história.

Longe dos conceitos de anti-herói ou de criminoso sedutor, Parker é insensível, determinado, sem ser partidário da violência mas não tendo pejo em utilizá-la, e distingue-se pela forma fria e calculista como passa pelas histórias, abdicando de amigos ou de sócios do momento, em nome do seu bem-estar e dos objectivos — quase sempre dinheiro – que se propôs.

Criação literária de Donald Edwin Westlake (1933–2008) ((Escritor norte-americano, responsável por mais de uma centena de livros de temática variada, mas em que se destacam os de cariz policial. Estreou Parker em 1962, em The Hunter, tendo-o levado a protagonizar outras 16 histórias até 1974; promoveu o seu regresso em 1997, para mais 7 livros.)) as histórias protagonizadas por Parker são apelativas pela forma como equilibram acção, suspense e emoção, em doses não equitativas, pela originalidade das situações criadas e pelos desvios surpreendentes à linha narrativa originalmente explanada.

Isso foi transposto com fidelidade para a BD por Darwyn Cooke, que teve a capacidade – nem sempre presente quando se trata de adaptações – de transpor o espírito do original para as suas pranchas ao mesmo tempo que exibe as características próprias do novo suporte; ou seja, no Parker da BD não há longas transcrições/versões do texto original, pelo contrário Cooke aposta claramente no predomínio narrativo do desenho, como aliás fica evidente — de forma muito marcada – no livro que hoje me ocupa, complementada com monólogos/diálogos sóbrios, contidos e incisivos, que contribuem para que o leitor tenha de mergulhar nas pranchas para usufruir plenamente do que se desenrola perante os seus olhos.

Slayground – o quarto volume de Parker, versão Darwyn Cooke – retoma um romance de 1971 que, de alguma forma, explora de forma original o conceito de narrativa em espaço fechado, uma vez que a maior parte da acção decorre no interior de um parque de diversões encerrado durante o Inverno – por isso sob neve e frio intenso. O recurso ao azul acinzentado como única cor a compor e a dar volume ao traço preto, contribui para reforçar a sensação de frio e ajudar o leitor a embrenhar-se mais no ambiente pretendido, ao mesmo tempo que de certa forma lhe confere um tom retro que a aproxima da época anos 1960/1970 — em que a acção se passa.

O início deste tomo — leia-se quase uma vintena de páginas — é magnífico, com um assalto a uma carrinha blindada e consequente fuga de Parker e dois parceiros, a serem narrados (quase) sem recurso a palavras, numa planificação com vinhetas desprovidas de contornos que parecem tornar maior o espaço – aumentando a área branca, de neve… — em que as cenas se desenrolam. Em complemento, Cooke acrescenta sucessivas mudanças de ritmo, como é o caso do despiste subsequente (quase) em câmara lenta, que contrasta com a perseguição em alta velocidade que até aí decorria, aumentando a adrenalina do assalto que ainda pulsava.

Sobrevivente em fuga com parte do produto do roubo, Parker refugia-se – numa armadilha sem saída…? — no tal parque de diversões encerrado, onde se verá envolvido com gangsters à procura de dinheiro fácil e polícias corruptos, num relato cujo móbil, com o correr das páginas, passará a ser a vingança.

Por influência (?) do espaço em que tem lugar e/ou devido a alguns dos estratagemas a que Parker recorre, a verdade é que a narrativa – apesar dos momentos de tensão e da violência que lhe são inerentes – acaba por assumir um (surpreendente) tom de quase diversão que, a par com o limitado cenário de acção, são as principais notas distintivas de Slayground.

Hesitei em incluir estas últimas linhas – porque o texto já vai longo — mas acabei por considerar que fazem, todo o sentido.

Este tomo fecha com a adaptação de The Seventh (narrativa de 1966), uma história curta de uma dezena de pranchas que parece contrariar o que atrás escrevi, pois há um (quase) excesso de texto de apoio para contextualizar a (curta) acção que nos é descrita, mas, no entanto, a opção de Cooke não poderia ter sido outra para fazer funcionar o ‘gag’ final que justifica o título – e fazer a ligação com Slayground pela utilização do humor, negro.