Etiqueta: passado

Alex Gozblau

Alex Gozblau
Na exposição Má Raça, em Março de 2010

Nasceu em Perugia, Itália, em 1971. Soma o exercício do grafismo, em livros e revistas, à ilustração que vem semeando pelas páginas do Expresso, do Público ou da Sábado, e que foi recentemente consagrada com a atribuição do Prémio Stuart, mas também em livros para a infância e juventude como Romance do 25 de Abril, com João Pedro Mésseder (Caminho, 2007). Assinou ainda um filme de animação com João Fazenda (Café, 2008) e o argumento de uma BD com Miguel Rocha (Março, BaleiAzul, 2001).

Exposição

Má Raça

Link de interesse

Site do autor

Regina Pessoa

Regina Pessoa
Regina Pessoa a assinar giclées na exposição Mistério e Alquimia, em Dezembro de 2009.

Depois de uma licenciatura em Pintura nas Belas Artes do Porto, Regina Pessoa (Coimbra, 1969) começou, em 1992, a trabalhar no estúdio Filmógrafo como animadora em vários dos filmes aí produzidos. Assim participou em diversos filmes de Abi Feijó (Os Salteadores, Clandestino e Fado Lusitano) até que em 1999 anima e realiza o seu primeiro filme A Noite, em gravura sobre placas de gesso. Em 2005, realiza a curta-metragem de animação História Trágica com Final Feliz, igualmente em gravura, e que é hoje o filme mais premiado de sempre no cinema português. Em 2007, publica na Afrontamento o livro do filme e no corrente ano criou, a convite da Nieport, uma banda desenhada sobre o Vinho do Porto, Rubi Dum e Tawny Dee in NiePortland. A exposição na Mundo Fantasma assenta nos originais destas duas obras.

Exposição

Mistério e Alquimia

Links de interesse

Regina Pessoa no Facebook
Filmógrafo

Mistério e Alquimia

O segredo do Ruby e do Tawny

Sempre gostei de vinho do Porto. Mas, até há pouco tempo, pouco sabia acerca dele e nunca percebi porque havia um que se chamava Ruby e outro Tawny… Para mim era tudo vinho do Porto e nada mais…
Até que um dia conheci os Niepoort…
Pediram-me que lhes desenhasse uma história sobre o vinho do Porto que explicasse sobretudo as diferenças entre Ruby e Tawny. Empenharam-se em que eu percebesse bem todo o processo da sua elaboração desde o princípio. E abriu-se-me então todo um universo até aí desconhecido para mim. Primeiro, levaram-me ao Douro. Era a primeira vez que eu ia ao famoso vale encantado em escada… E conheci as vinhas, graficamente sinuosas com rio ao fundo, os lagares de granito, as pessoas que lá vivem, trabalham e cujos pés ainda pisam as uvas. (Porque, pelo menos para o vinho do Porto, parece que, felizmente, ainda não há nada tão bom que possa substituir as pessoas…)
Começou então o desvendar do segredo do Ruby e do Tawny, uma história de mistério e alquimia: Ao líquido doce das uvas pisadas é misturada aguardente. Forte (77%). Nas semanas seguintes, estes dois líquidos vão combinar-se num único e mesmo vinho, o que pára o processo de fermentação e faz com que o doce permaneça. Mas, nessa altura, ainda não é vinho do Porto, muito menos Ruby ou Tawny. Está numa fase de gestação… Ao fim de seis meses, dá-se então o nascimento do Ruby e do Tawny… Nessa altura, eles têm que partir e deixar o Douro para sempre, rio abaixo, até às misteriosas e sombrias caves em Gaia.

E a luz radiante do Douro dá lugar a uma luz escassa, filtrada, mágica. Em vez de vinhas, há filas e filas de balseiros, de tonéis, pipas e barris. Se não soubéssemos que aquilo é mesmo real, dir-se-ia que tudo foi estrategicamente estudado para criar um cenário fantástico e cinematográfico: até o bolor negro e as teias de aranha das paredes parecem ter sido colocados ali de propósito para aumentar o suspense e aquela arquitectura vertiginosamente desnivelada e angulosa da escarpa do Douro poderia ter sido cuidadosamente planeada para obter uma perfeita mise-en-scene. Aqui, apesar de partilharem o mesmo tecto, o Ruby e o Tawny vão ganhar personalidades completamente diferentes há medida que o tempo avança.
Quando chegam a Gaia, o jovem Ruby é colocado em tonéis grandes durante um período de tempo que, falando em linguagem de vinho do Porto, se considera curto: 2 a 6 anos. Depois é engarrafado e é aí que vai envelhecer e ganhar as características que lhe dão nome. Ao ser colocado em garrafa muito jovem, está menos exposto à oxidação e vai preservar o gosto, aroma e cor do fruto de lhe deu origem: vermelha, Ruby. Por seu turno, o Tawny é colocado em cascos pequenos que o deixam respirar e é aí que envelhece durante anos e anos. Com o tempo, oxida, a sua cor torna-se dourada, o que também justifica o seu nome: Tawny. Torna-se sofisticado, delicado no aroma e ganha a sabedoria que só a idade permite… Assim me foram apresentadas as personagens principais da história que eu devia desenhar. Mas o Ruby e o Tawny não eram, para mim, os únicos elementos importantes… esses lugares especiais onde tudo se passa e todas as pessoas que fui seguindo para compreender a história também faziam parte dela: se imediatamente associei o Ruby e o Tawny aos gémeos TweedleDum e TweedleDee da Alice…, o Douro e as caves de Gaia fazem-me lembrar os lugares fantásticos do próprio País das Maravilhas e, cada pessoa que conheci, uma das suas personagens.
Desenhei-os então, nesta livre adaptação de Alice no País das Maravilhas: Começa numa cidade cinzenta, com homens cinzentos, todos iguais, todos demasiado ocupados. Mas, subitamente, surge o Coelho Branco não se sabe de onde e desaparece numa ruela escura. Um dos homens cinzentos segue-o e descobre uma pequena porta ao fundo do beco, por onde certamente o coelho desapareceu. O buraco da fechadura tem a forma de um copo por onde escapa um raio de luz. Intrigado, o homem cinzento abre a portinha e espreita… e aí descobre o País de Maravilhas do vinho do Porto: o Douro, os lagares, as caves. Aqui há contrastes de luz e sombra, há alegria, cor e todas as personagens são distintas umas das outras, é tudo bem diferente da cidade cinzenta…
Alice e todas as outras personagens estão ocupadas no processo de elaboração do vinho do Porto. Nascem então o Ruby e o Tawny, aos quais dei os nomes de RubyDum e TawnyDee. No início, são gémeos siameses, depois separam-se, passam por diferentes etapas e envelhecem cada um à sua maneira. Têm fatos de banho e barbatanas porque, afinal, passam toda a sua vida mergulhados num meio líquido, têm que estar bem equipados! O Coelho Branco, obviamente, é o Mestre do Tempo, é quem sabe gerir o segredo do envelhecimento do vinho do Porto. Quando o RubyDum e o TawnyDee já estão nas suas respectivas garrafas, todas as outras personagens se retiram sorrateiramente para que eles possam adormecer e envelhecer em paz.
O homem cinzento, que observara toda a cena, decide então deixar a cidade cinzenta e entra pela portinha secreta para o País das Maravilhas. Mas ele é grande demais, disforme, desajustado a este Universo. É então que prova o vinho das garrafas onde se lê “Drink Me”. O RubyDum e o TawnyDee, tal como génios, libertam-se da garrafa mágica e o homem cinzento transforma-se então em mais uma personagem da história. Todas estas personagens existem de facto… sei quem elas são, encontrei-as uma por uma ao longo da minha aprendizagem sobre o vinho do Porto: são a equipa Niepoort, gente apaixonada pelo que faz. Em cada uma delas reconheci uma personagem de Alice no País das Maravilhas: a própria Alice, o Coelho Branco, a Rainha de Copas, o gato de Cheshire, o Chapeleiro Maluco, até o homem cinzento que se transforma em personagem do vinho do Porto ao prová-lo. Foi um prazer e um privilégio enorme para mim conhecê-los. Esta história é para eles. | Regina Pessoa


Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia


Data

De 19 de Dezembro de 2009 a 24 de Janeiro de 2010

Links de interesse

Regina Pessoa
Regina Pessoa no Facebook
Filmógrafo


Esta exposição contou com o apoio da Niepoort.

Marcellus Hall

Marcellus Hall
Marcellus Hall na exposição Kaleidoscope City, em Novembro de 2008.

Teve uma infância e adolescência, no mínimo, turbulentas. Nascido em Minneapolis, em data indeterminada, já que todos os registos de nascimento dele perderam-se numa inundação, ficou órfão muito cedo. Na adolescência fez de tudo, desde vender caricaturas na rua a limpar neve, depois endireitou-se. Recebeu uma bolsa para estudar na Escola de Design de Rhode Island, onde foi um dos melhores alunos, e começou a aprender guitarra e harmónica. Passou por várias bandas, Railroad Jerk na década de 1990, com a qual editou quatro álbuns pela Matador, White Hassle até meados de 2000 (Isaac Brock, vocalista dos Modest Mouse, gosta tanto de uma música deles, Life is Still Sweet, que tatuou o título no braço) e agora prepara-se para lançar um disco, The First Line, a solo. Decidido a seguir carreira de ilustrador mudou-se para Nova Iorque em finais da década de 1980, desde aí ilustra com regularidade para publicações como The New Yorker (onde assinaria, em 2005, uma controversa capa), The Wall Street Journal, The Atlantic Monthly e Time, entre outras. Integra ainda os anuários da American Illustration, Communication Arts e Society of Illustrators.

Exposição

Kaleidoscope City

Link de interesse

Site do autor