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Meses depois

16326Achei que seria porreiro no meio destas minhas resenhas críticas no sítio da Mundo Fantasma escrever uns “anexos” aos livros, sobretudo porque há muita BD que se publica em vários volumes, o que obrigaria a ter uma escrita repetitiva ou desactualizada à medida da leitura de novos “números” desta (enorme) tradição de folhetim na BD, válida para o Hip Hop Family Tree como para os tradicionais “comic-books” de diversão pura e dura.

E falando destes… Há meses atrás comentei sobre o primeiro volume da “Academia do Guarda-Chuva” e como aquilo soava a “star-system” do pior. Um gajo famoso, um Rock Star, mete-se a escrever BD só porque… é famoso. Se no primeiro volume, “Suite do Apocalipse, o Gerard Way não apresentava razões de ser diferente à mediocridade da indústria norte-americana já Dallas (Dark Horse; 2009), a segunda colecção da série, é muito mais convincente e até engulo um sapo se for preciso em relação ao vocalista xunguita loiro platinado dos My Chemical Romance.

O(s) “plot(s)” tornaram-se imprevisíveis e Way abusa de forma positiva aquela máxima dos “super-heróis” em que quanto tudo mais muda mais tudo fica na mesma. Se esta família de super-heróis disfuncionais não transmitem nenhuma empatia com o leitor (será porque tenho 43 anos?), por outro lado ou por isso mesmo, tornam-se em personagens extremamente maleáveis para se aplicar a extravagância que se quiser. Foi o que Way fez. Resulta numa diversão inteligente q.b. mesmo com rapinanços como a cena pós-vida de Séance com um cowboy é um bocado como os encontros com o John Wayne na série Preacher (de Garth Ennis) ou é impressão minha?

Depois há toda a vacuidade que os americanos tratam os seus traumas políticos (a guerra do Vietname e o assassinato de John F. Kennedy) para que não se pense muito sobre os assuntos, limitando a reduzi-los a um imaginário Pop. Ainda assim Dallas é perfeito para no sofá domingueiro ou para quem vai de manhã no Metro acompanhado pelos nossos cidadãos que falam altíssimo ao telemóvel — dá para perceber tudo ainda assim!

Sobre o grafismo de Bá, nada a declarar.

Vá, aumento uma estrela na pontuação! Ou um sapo…

Umbrella Academy

Argumento de Gerard Way, desenho de Gabriel Bá.

Umbrella Academy

Umbrella Academy

Umbrella Academy

Disclaimer

A sério que queria perceber porque se fala tanto deste livro… E tentei, depois de duas décadas sem mexer no fosso imundo dos super-heróis e afins, lá comprei a edição portuguesa (Este texto refere-se à edição portuguesa embora as fotografias sejam da edição americana da Dark Horse que comercializamos)) da primeira compilação de Umbrella Academy, que junta a equipa criativa (pfffff) Gerard Way, o vocalista dos xoninhas My Chemical Romance (MCR), com o desenhador brasileiro Gabriel Bá – que já esteve presente na galeria da Mundo Fantasma.

Ao pegar no presente volume, mais do que um entretenimento puro e duro, o que vejo é um manual de cultura corporativista em que Grant Morrison, que abraçou a causa da trash culture, defende esta treta usando até o termo “ética do trabalho” para justificar a qualidade da BD. Isto num dos dois prefácios do livro, o primeiro é do desenhador Bá e serve para comemorar a edição portuguesa mas sem que ele tenha muito para dizer onde pouco há para contar, diga-se. O que Morrison alude é complementado com o posfácio Scott Allie (o editor original, dos EUA, da Dark horse) que também diz maravilhas como Way deu ao litro, entre turnês e outros compromissos com a sua banda – uma banda que teve sucesso à escala global – para escrever esta BD.

Admito que ver os vídeos e ouvir a música dos MCR dá-me asco, também eles corporativistas assumidos com fardetas Dark do Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band – mas que parecem antes fardas de super-heróis à lá X-Men dos filmes. A música é um insuportável Pop/Rock FM melódico que tanto podia confundir-se com o Punk/Pop dos Green Day como o Rock Teeny dos Tokyo Hotel. Péssimas referências estas duas. Os MCR ficam no meio delas. Visualmente Way é uma criatura horrorosa que faz caretas entre o mauzão demente (como mil bandas esquecidas do Nu Metal) e o tosco sedutor hermafrodita de um Glam Rock tardio. É música adocicada para jovens, subiu nos Tops de vendas sabe-se lá porquê. Quer dizer, a “ética do trabalho” significa muito para um país como os EUA. Passar de um media para outro também é bastante normal por aquele continente, basta ser famoso e rapidamente um “Rock star” vende pinturas, escreve livros, realiza filmes ou escreve para BD. Em 2007, o vocalista dos MCR meteu-se na BD, podia até correr bem e os (meus) preconceitos não serem fundamentados. E engoli-os para comprar este livro… mas não, isto não tem interesse nenhum e só assim se explica tantos prefácios e posfácios, para justificar o inevitável: it sucks!

Spoiler

O problema de Umbrella Academy (porque não traduzir “Academia Umbrella” já que “Academia Guarda-chuva” soa foleiro em ‘tuga?) não é um caso isolado. A produção norte-americana que se mantem com o conceito juvenil de fazer “comic-books” (a quem lhe chame de “floppies” agora) mensais parece ser um paradoxo gigantesco difícil de resolver. Só existe esta indústria de produção por causa das estruturas montadas vindas dos confins do século passado e porque os “comic-books” servem de motor para “trademarks” em que o verdadeiro “big money” é feito a posteriori quando uma série faz sucesso, é compilada em livro, transformada em “merchandising” e adaptada para cinema/televisão. No entanto, como formato para desenvolver narrativas interessantes mostra-se cada vez mais limitado e frustrante, a não ser que se seja um génio como o Alan Moore.

O mais estranho é saber que se fazem “deadlines” apertados para lançar estes fascículos mesmo quando é assumido que se trata de uma “mini-série”, ou seja, parece-me absurdo fazer “deadlines” muito próximos do real lançamento prás ruas quando não se trata de se alimentar uma série “eterna” como o Homem-Aranha que desde os anos 60 sai mensalmente, à qual não se pode falhar neste esforço contínuo. Os gringos assumem que trabalham num formato que não é só limitado fisicamente (cerca de 22 páginas a cores) como também o é temporalmente porque produzem num esquema de entregas mensal em cima do lançamento oficial invés de terem tudo pronto para depois publicarem mais tarde e sem “stresses”. Não me parece que os autores (se quisessem) possam sair desta caixa, ou sequer, lixar a caixa por dentro. Um sistema destes fazem do adágio “e a montanha pariu um rato” verdade, daí que acho esta série previsível de fasciculo em fascículo.

O que se vai ler (ou o que vai acontecer) é nos dado de forma tão óbvia que está-se mesmo a ver que a gaja da equipa destes super-heróis que teoricamente não tem superpoderes AFINAL é a que tem mais “powers”!!! E que o resto da equipa vai ter que lidar com ela quando esta se passar para o “outro lado” – aló Dark Phoenix Saga?

Teaser

Diz a sinopse que durante um acontecimento inexplicável, quarenta e três crianças foram geradas espontaneamente por mulheres que não apresentavam sinais de gravidez. Sete dessas crianças foram adoptadas por Sir Reginald Hargreeves e formaram a Umbrella Academy, uma família disfuncional de super-heróis com poderes bizarros. Na sua primeira aventura, essas crianças enfrentam uma Torre Eiffel enlouquecida. Quase uma década depois, a equipa separa-se, mas estes irmãos, desiludidos, reúnem-se a tempo de salvar o mundo outra vez. (…) Logo aqui soa a “homenagem” (uma forma cordial e industrial para dizer “rapinanço”) à Doom Patrol e aos X-Men, equipas de super-heróis bizarros e órfãos da Humanidade que um professor / doutor os reunirá sob a alçada da sua escola e protecção, para os colocar ao serviço do bem.

O universo que nos é dado a explorar trabalha com alguns flashbacks, em poucas coisas são explicadas para causar curiosidade aos leitores e futuros fãs mas não há nada aqui que crie mistério maior para empolgar seja quem for, a não ser que seja um leitor virgem ao género super-heróis. A excepção são as duas BDs fora da colecção que também se encontram neste livro que coleciona os seis primeiros números da série, esboços (so boring!!!) e essas duas BDs que eram “teasers” de promoção, lançadas antes da série sair oficialmente. São estas duas pequenas peças, “Mon dieu!” (de 2 páginas) e “…Mas o passado não perdoa.” (12p.) que mostram algum génio (foi sem querer?), piada e força do argumentista. A última, lançada como um Free Comic Book Day vemos um dos super-heróis desta família disfuncional que tem uns tentáculos, uma personagem extravagante visualmente e que não apareceu na história principal (another spoiler, sorry!) mas nem é por ele que tem piada, é justamente a esquizofrenia da acção toda que se passa nestes episódios, em que não há pontos de referência mas tudo avança para um absurdo de acção bastante divertida. Estes episódios mostram os dotes de Way como um bom manipulador da sua própria criação mitológica. Há que referir, já que tudo é explicado no livro, que estes “teasers” foram realmente feitos antes da série principal ter sido escrita. Ou seja, Way teve aquilo que se chama “sorte de principiante” e que depois foi-se esvaecendo…

Brouhaha

Os desenhos de Bá, feitos com profundos contrastes, lembram o estilo do Mike Mignola mas com mais expressividade que o criador de Hellboy. Suponho que o profissionalismo e “ética de trabalho” safe isto tudo embora acredite que se houvesse menos prazos para os autores, melhor seria o trabalho gráfico de Bá.

Por fim, lembro que nos finais dos anos 80 apareceu uma banda inglesa chamada Pop Will Eat Itself que é capaz de ser o melhor “nome-manifesto” para a música urbana pela forma autofágica como vemos as fórmulas repetirem-se até à exaustão, com uma indústria fonográfica a gastar mais dinheiro em promover lixo do que a incentivar à criação – aliás, como seria possível de outra forma? A “Academia do Guarda-Chuva” tem esse trago a derrota velha e acredito que a Devir tenha decidido publicar esta série para capitalizar o nome de um vocalista de uma “grande” (em dimensão) banda Pop/Rock naquela de trazer público generalista prá BD – e pode ser que daqui essas pessoas saltem para outros livros mais interessantes! É um bom golpe de publicidade, portanto, parabéns!

Hipertexto #18

Daytripper de Fábio Moon e Gabriel Bá é o “Life of the Mind Book” de 2014
Escolhido pela Universidade do Tennessee, já tinha ganho o Eisner de melhor mini-série em 2011. É um livro habitual na nossa livraria.

O Amor Infinito que Tenho por Você
Do Paulo Monteiro já saiu no Brasil. Cá na livraria está disponível e é conhecido como O Amor Infinito que te Tenho. De onde se pode concluir facilmente (e mais uma vez) que o acordo ortográfico tem dado um grande jeito (às editoras de livros escolares e dicionários).

The Random Dialogues
Uma experiência intrigante na página Quotes On Comics do Paulo Patrício.

Heads or Tails
O incomparável Chris Ware no New York Times.

Sugestões #1

Muitos títulos bons nas minhas recomendações deste mês. Entre Marvel, DC, Image e Dark Horse. Nota que isto é um pouco mais que as minhas recomendações habituais, porque este mail apesar de pessoal é um pouco mais genérico que os anteriores que enviava – este formato também me permite enviar para mais gente…
Para assinalar a passagem da IDW para o grupo das “majors”, estamos a fazer 20% nas encomendas desta editora. Por fim, aproveito para informar que vamos ter a visita dos autores Gabriel Bá e Fábio Moon no início de Junho. Já chegaram a maior parte dos livros que vamos ter para as assinaturas, se desejares garantir algum exemplar, convém reservar (também enviamos pelo correio). São o Umbrella Academy Vol. 1 e 2; Pixu e a antologia Noir de histórias policiais.

Marvel para assinatura

Avengers Academy #1

Por Christos Gage e Mike McKone ficamos a conhecer a nova academia dos Avengers, liderada por Hank Pym e por uma equipa de herois veteranos, tem como objectivo preparar a nova geração de Avengers e ser treinada por todos que já foram Avengers. Quem são os primeiros seis alunos? E que terrível segredo poderá pôr em causa o universo Marvel?

New Avengers #1

Brian Michael Bendis e Stuart Immonen apresentam a nova equipa de Avengers. Descubra quem são, qual dos Dark Avengers se juntou às suas fileiras, a sua base e qual o demónio inter-dimensional que ameaça a nossa existência. Este grupo de Avengers tem a missão de enfrentar as ameaças mais perigosas, tenebrosas e bizarras da Heroic Age.

Avengers Prime #1 (de 5)

Escrita por Brian Michael Bendis e ilustrada por Alan Davis, esta mini-série de 5 números explica como Steve Rogers, Iron Man e Thor conseguem resolver as suas diferenças causadas pela Civil War e levar os Avengers para uma nova fase da sua saga épica.

Thanos Imperative #1 (de 6)

Por Dan Abnett e Andy Lanning e ilustrado por Miguel Sepulveda. A falha criada na batalha final do Realm of Kings, abriu o caminho para terriveis forças dum universo paralelo onde a morte não existe, e que pretendem conquistar o nosso. Nova, Silver Surfer, Quasar e muitos mais dos maiores campeões cósmicos juntam-se para enfrentar esta ameaça, mas poderá não ser o suficiente. Felizmente Star-Lord e Rocket Raccoon têm um plano! Um plano suicida e demente chamado Thanos! Bem-vindo ao fim do Universo!

DC para assinatura (os três com 20% de desconto)

Wonder Woman #700

A celebrar 600 números, o novo argumentista J. Michael Straczynski, convida Geoff Johns, Gail Simone, Phil Jimenez, George Pérez, Joe Madureira e companhia para apresentarem o novo rumo da mulher mais influente do universo da DC.

Batman #600

Escrito por Grant Morrison e ilustrado por Tony Daniel, Andy Kubert e Frank Quitely, este número épico relata aventuras do Batman de três épocas diferentes: Bruce Wayne, Dick Grayson e Damian Wayne. Este é o número que abre o caminho para o regresso de Bruce Wayne.

Superman #700

J. Michael Straczynski, James Robinson, Dan Jurgens, Eddy Barrows, Bernard Chang e J. P. Mayer apresentam vários contos narrando as aventuras do Homem de aço.

Image para assinatura

Meta 4 #1 (de 5)

A nova obra de Ted McKeever relata a vida de um astronauta amnésico que auxiliado por Gasolina, uma mulher fortemente musculada, que se veste de Pai Natal durante todo o ano. Ao fazerem uma viagem até New York, para descobrir a sua identidade, a viagem torna-se uma expedição para ultrapassar as barreiras na busca do seu ego. Ao estilo de McKeever, Meta 4 é uma combinação de mistérios distorcidos, muito humor negro, conflitos tanto físicos, como mentais e amizade num ambiente cheio de esperança e crueldade.

Dark Horse para assinatura

Abe Sapien Abyssal Plain #1 (de 2)

Escrito por Mike Mignola e John Arcudi e ilustrado por Peter Snjebjerg, esta mini-série de 2 números, conta uma das primeiras missões de Abe Sapien para BPRD. Abe lidera uma equipa que investiga um submarino soviético afundado à procura duma antiga relíquia. O que ele descobre é um crime macabro e um segredo que se deveria manter nas profundezas.