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Previews de Agosto de 2025

Com a efectiva falência da Diamond — a nossa distribuidora principal (embora não tenha sido a de sempre: a primeira, também extinta, foi a Capital City) — chega igualmente ao fim o catálogo Previews em papel e uma era com mais de 40 anos. O catálogo em PDF é uma pequena sombra do original.

O Advance Comics, catálogo da Capital City, iniciou-se em 1984; o Previews surgiu em 1988 e acabou por se tornar dominante. O sistema não era perfeito, mas desconfiamos que vamos todos ter saudades.

Neste momento, o processo de encomenda tornou-se bastante mais complexo, envolvendo uma dezena (ou mais) de fornecedores, sem contar com as pequenas editoras que ficaram subitamente sem casa.

A nossa solução para os tempos mais próximos será publicar os catálogos das diversas editoras e distribuidoras, tentando ajudar os nossos amigos e clientes a descobrir o que realmente vale a pena no meio da confusão.

Aqui ficam os catálogos de Agosto, com títulos previstos para Outubro (mas que, como é habitual, podem chegar apenas em Novembro — ou mais tarde).

Boom! Studios

Dark Horse

DC Comics

DSTLRY

IDW

Image

Lunar (outras editoras)

Marvel

Penguin Random House (outras editoras)

Previews

Titan

Wonder Woman: Earth One

Argumento de Grant Morrison, arte de Yanick Paquette. DC Comics, 2016.

Ore-se baixinho como a lista de assassinatos de Arya Stark: Batman, Super-homem, Mulher Maravilha. A Santíssima Trindade da DC Comics, os bons velhos amigos, a competição perfeita, e por vezes, um triângulo amoroso. Se há cinquenta anos os primeiros dois eram World’s Finest, a moldura alargou progressivamente para acolher a Mulher Maravilha, e no filme de Zack Snyder, lá está ela a mediar as partes. Bonita, rica, guerreira, e contudo, apenas Xena-a-princesa-guerreira, tecido necrótico de um filme estéril. Que fazer com a personagem nos dias de hoje?

Nascida nos anos 40, Wonder Woman assemelhava-se mais a um produto de laboratório do que a um campeão de sweatshop criado por jovens turcos sem direito a sono. O seu criador, o psicólogo William Moulton Marston, pretendia dela um antídoto à literatura machista do seu tempo, levando muito à letra os estratagemas típicos de exercício de autoridade por parte de adultos em roupas de Carnaval. Em vez de explorar o “querer dominar” subjacente aos marmanjos com capas, explorou o “querer ser dominado”, propondo uma simpática heroína de cordas na mão, disposta a extrair a verdade dos criminosos com o doce à-vontade de uma dominatrix.

A Wonder Woman de Marston foi um sucesso. Como refere Gerard Jones em Men of Tomorrow, várias vezes vendeu mais que as suas contrapartes masculinas, a uma audiência maioritariamente constituída por rapazes (as raparigas preferiam o Super-homem). Porém, tal como muitas invenções da época, a proposta de Marston sofreu, por um lado, as consequências de mudanças na demografia e educação do leitor médio, e por outro, a imposição do Comics Code.

William Moulton Marston acreditava que a mulher, tendo o dobro dos “órgãos geradores de amor” e “mecanismos endócrinos”, tinha um papel salvífico, convicção manifestamente parva que caiu em desuso. Versões posteriores da personagem situaram a força da personagem noutro lado: na sua herança cultural, na segurança da sua sexualidade, nas suas qualidades emocionais, e na sua aptidão para desempenhar papéis semelhantes aos homens. O avião em que se movia, invisível para eludir o militarismo aéreo dos homens, tornou-se kitsch e camp.

Claro que kitsch, camp, e fetichismo são o sal e a pimenta de Grant Morrison. O escritor de Wonder Woman: Earth One especializou-se em revivalismo pós-moderno, opondo-se a tudo o que é cinismo, simplificação grosseira, e psicanálise de vão de escada. Em WW: Earth One, tal como nos seus cinco anos de Batman e no aclamado All Star Superman, o objectivo não é despir a heroína de tralha ridícula e démodé, mas antes justificá-la.

Quando os seus pares da Invasão Britânica se ocuparam da desocultação de tudo o que o puritanismo reprimira, Morrison preferiu os esquizofrénicos capazes de quebrar a 4ª barreira e denunciar a performatividade da ficção. Ser raptado por aliens (diz ele) ajudou a esta mundividência. Depois de uma fase “contracultural” na Vertigo, o grosso do seu trabalho passou a cantar feitos de “supertotems” capazes de ensaiar os nossos medos e aspirações. Se no final dos anos 2000 ajudava Mark Millar na escrita da Liga da Justiça em formato despótico e gingão (The Authority, depois The Ultimates) o militarismo pós-11 de Setembro levou a tendência demasiado longe, e Morrison preferiu escrever putos reguilas e as suas lutas de afirmação (Marvel Boy ou New X-Men).

A meio de década de 00, na fase em que chegou a consultor criativo máximo da DC Comics, dizia nas entrevistas que tinha um caderninho de cem páginas para orientar reboots dos superheróis mais obscuros, e nesses anos, muito deles foram feitos de acordo com este guião. O debutar de WW:EO anos depois dessa fase parece uma réplica sísmica, explicável pelo longo trabalho de preparação do livro. A série junta-se ao longo rol de monografias que a Marvel e a DC Comics ritualmente produzem para o chamado “público alargado”, recontando a história dos heróis centrais em versão actualizada. O projecto All Star teria já tido esta função, tendo Morrison produzido umas das melhores obras da sua carreira, All Star Superman. Ter-se-á gizado um All Star Wonder Woman, mas a oportunidade passou, e recupera-se agora em Earth One.

Morrison volta a colaborar com Yanick Paquette, num estilo a lembrar o anterior Bulleteer (2005). Em Bulleteer, uma rapariga tinha a pele coberta de aço por obra de um marido obcecado com superheroínas. A analogia da objectificação das celebridades na nossa cultura era martelada pelas poses GQ/Maxim pedidas a Paquette. Esse reportório é transformado pelo estudo atencioso do trabalho compositivo de J.H. Williams III em Promethea (1999-2005). Como tem sido hábito na DC Comics, a influência de Alan Moore nota-se mesmo no obverso: Morrison jamais faria igual Mundo de Sofia do ocultismo, mas experimenta uma cover pop.

Em WW:EO, toda a história é um longo flashback do julgamento da Mulher Maravilha. Porquê? Porque como é sobejamente conhecido, a semideusa desafia a hubris e entra em contacto com o mundo exterior, para lá da ilha mítica de Themyscira, onde só vivem mulheres guerreiras em relações lésbicas, e dos homens só se guarda história oral. Os motivos do desafio são ligeiramente diferentes; o confronto do contacto, porém, tem toda a carga política que estava na obra de Marston, e fala-se do Patriarcado como se fala do Gangue da Injustiça.

Além de retomar a obra de Marston avant la lettre, Morrison tenta um segundo passo. Se regressa a narrativa da “criança selvagem” cujas maneiras, ou falta delas, põem em questão a sociedade contemporânea, a introdução da gorda Beth Candy (revisitação de Etta Candy a parecer-se com a Beth Ditto dos Gossip), mostra como Wonder Woman se pode tornar locus de discussão de vários tipos de feminismo. A personagem era comic relief na versão de Marston, mas aqui serve de instrumento de crítica do austero ideal amazónico, perfilado por Hipólita, a rainha das Amazonas. Esqueçam a “morte do pai” freudiano. É preciso matar a mãe também!

Hipertexto #82

Os marcos de Paul Levitz nos seus 44 anos de DC
Newsarama.

Welcome to the New World
Banda desenhada de Jake Halpern e Michael Sloan sobre a chegada de uma família Síria à América. New York Times.

Chris Ware sobre George Herriman e Krazy Kat
The New York Review of Books

iTunes Terms and Conditions: The Graphic Novel
Por R. Sikoryak, brevemente na Drawn & Quarterly.

Sugestões #73

A ver mangá

De volta com mais sugestões de boa leitura em BD naturalmente. Atenção ao último título, do nosso Ricardo Drumond. Aproveitem para passar na livraria e conferir as muitas novidades e demais títulos ideais para levar para umas merecidas férias. Também são os últimos dias para ver a excelente exposição de Jorge Coelho e adquirir um original ou livros assinados. Boas leituras!

Marvel para assinatura

All New All Different Avengers Annual #1

Por Mark Waid, G. Willow Wilson, Faith Erin Hicks, Mahmud Asrar e companhia. Nenhum Avenger está seguro! Nenhum Avenger está livre disto. A fan fiction de Kamala Khan, a nova Ms. Marvel, e todos os Avengers metidos em contos alucinantes e romances como só uma super-heroína adolescente pode imaginar. Uma parada de estrelas neste anual muito especial. A não perder!

Daredevil Annual #1

Por Charles Soule, Roger McKenzie e Vanesa R. Del Rey. Consegues ouvir? O Daredevil também! Parece um Echo! O regresso da Echo e de um confronto inevitável com o Daredevil!

DC para assinatura

All Star Batman #1

Por Scott Snyder e John Romita Jr. Esta nova série do Batman reinventa alguns dos maiores vilões do Cavaleiro das Trevas, a começar pelo Two-Face! Batman tem de levar Two-Face para uma localização fora de Gotham, mas o criminoso de duas caras e duas personalidades, tem um truque na manga. Todos os assassinos, caçadores de prémios e cidadãos comuns com algum “podre” escondido, estão no seu encalço com um objectivo, matar o Batman! Algemados juntos na estrada para o inferno, este é o Batman e Two-Face como nunca viram!

Dark Horse

Black Dog of Paul Nash

Por Dave McKean. Esta nova graphic novel do genial Dave McKean é baseada na vida de Paul Nash, um pintor surrealista durante a I Guerra Mundial. Esta obra lida com as memórias reais dum soldado e todas as histórias juntam-se para formar uma comovente peça de como a guerra e situações extremas nos modificam, e como as pessoas lidam com a dor resultante. No caso de Nash em vez pintar cenários realísticos, pintava poderosos e fantásticos cenários estranhos e psicológicos.

Dark Horse para assinatura

Briggs Land #1

Por Brian Wood e Mack Chater. Briggs Land é um território rural selvagem, que contém o maior movimento anti-governamental dos Estados Unidos. Quando a matriarca Grace Biggs toma conta do movimento depois do seu marido ter sido preso, ela inicia uma guerra com a comunidade e a sua família mais próxima, que ameaça trazer todas as forças do governo federal para cima deles.

World of Tanks #1 (de 5)

Por Garth Ennis e Carlos Ezquerra. Uma tripulação inexperiente inglesa comanda um experimental tanque Cromwell na França, enquanto são perseguidos por uma unidade veterana de tanques alemães panzer. Que a batalha comece!

Image para assinatura

Black Monday Murders #1

Por Jonathan Hickman e Tom Coker. Esta nova série é sobre o poder sujo e nojento do dinheiro e tipo de pessoas que podemos comprar com ele. O Black Monday Murders é clássico ocultismo, onde as várias escolas de magia, são na verdade cartéis bancários que controlam toda a sociedade. Um mundo secreto de vampiros oligarcas russos, Papas das trevas, aristocratas americanos encantados e assassinos do FMI trabalham em conjunto para nos manter a todos no seu lugar.

Kill or Be Killed #1

Por Ed Brubaker, Sean Phillips e Elizabeth Breitweiser. Esta é a história distorcida dum jovem que é forçado a matar criminosos e como ele luta para manter o seu segredo, enquanto este vai destruindo a sua vida, a dos seus amigos e familiares.

Seven Seas Entertainment

Lord Marskman and Vanadis Vol. 01

Por Tsukasa Kawaguchi e Nobuhiko Yanai. O reino de Zhcted é governado por sete mulheres conhecidas como Vanadis, Um grupo de guerreiras que possuem armas poderosas e domínio sobre os setes territórios. Aproveitando da instabilidade civil das nações vizinhas, Zhcted entra em guerra com o reino de Brune. Na batalha que dizima o exército de Brune, o jovem e corajoso nobre de Brune Tigrevurmund Vorn enfrenta a bela Eleonara Vitara, uma das Vanadis, Impressionada pela sua habilidade como arqueiro, Elen permite que Tigre viva, em troca da sua servidão. Mas a guerra está longe de terminar e estende-se mais longe do que podiam imaginar. Tigre e Eleonara estão no meio duma conspiração que ameaça não só os seus reinos, como todo o mundo.

Heavy Metal para assinatura

Atoll #1 (de 5)

Por Tim Daniel e Ricardo Drumond. Quando o saco é tirado da sua cabeça, a atleta olímpica Story Helms encontra-se sentada numa plataforma metálica sobre uma arena, algures na costa noroeste da Austrália. Bem-vindos ao Atoll, onde os raptados são lançados contra o mais mortífero predador, Majesty, um temível grande tubarão branco. Story é a vítima que se segue.