Categoria: Eventos

5 (anos)

mo·men·to
Substantivo masculino
1. Espaço pequeníssimo (mas indeterminado) de tempo.
2. Curta duração.
3. Lance, ocasião.
4. Ocasião oportuna.

Momento, o instante em que o obturador abre e fecha e que gera no sensor uma fotografia. Momento, o instante em o dedo prime o botão do obturador.
Cinco anos de momentos condensados em vinte fotografias que retratam outros tantos instantes… Nunca fui um fotógrafo de eventos até ao dia em que disparei o obturador pela primeira vez nas inaugurações da Mundo Fantasma. Não sou ainda um fotógrafo de eventos. Cada momento aqui retratado é único, irrepetível, singular e carregado de memórias; cada um deles é um momento congelado no tempo e no lugar, uma síntese perfeita de um acontecimento, de um evento, de um sentimento fugaz e captado pelo obturador da câmara.

Resumir cinco anos a vinte momentos é sempre redutor mas selecionar vinte entre milhares de fotos significa optar e isso é sinónimo de escolhas, estas são as minhas. Poderão não ser consensuais mas estão feitas e representam cinco anos da galeria Mundo Fantasma, representam cinco anos da minha vida, em resumo representam cinco anos da nossa viagem conjunta pelas memórias que perduram nestas paredes. É um círculo (quase) perfeito: obras e espectadores regressam, passado algum tempo, ao lugar de onde vieram, onde estiveram por via das fotografias que os representam e que estão aqui expostas. É a hora também para eu trocar de lugar, de observador e “jornalista” passo a observado, aberto à critica e à observação…


5 de Mário Venda Nova

5 de Mário Venda Nova

5 de Mário Venda Nova

5 de Mário Venda Nova

5 de Mário Venda Nova

5 de Mário Venda Nova

5 de Mário Venda Nova


Data

18 de Janeiro a 22 de Fevereiro de 2014

Links de interesse

Mário Venda Nova


A fotografia 7 é de Mário Venda Nova.

Lixo Futuro

Esta é a última geração de seres-vivos. Depois disto, só lixo. Pior do que já existe. Somos um baby boomer invertido. Somos o fim, o omega. Somos o início do caos. Queremos o apopcalipse, com paixão. Somos idólatras da aldeia global. Usamos a nossa arte, não no sentido da salvação, mas da consternação. Celebramos o Futuro na esperança que ele seja pior. De promessas está o mundo cheio. Aceitamos as coisas como elas são, sem stress. Que morra o presente. Somos o lixo futuro.


Lixo Futuro

Lixo Futuro

Lixo Futuro


Data

27 de Julho a 8 de Setembro de 2013

Links de interesse

Afonso Ferreira
Amanda Baeza
Ana Matilde Sousa
André Pereira
Daniela Viçoso
Paula Almeida
Rudolfo
Zé Burnay

Má Raça

Não causará surpresa, a quem gaste tempo na observação das ilustrações de Alex Gozblau, este híbrido entre bricolage e colagem. O olhar e a mão postos ao serviço da perspectiva gore que nos vê como frankensteins portáteis. As suas figuras são o ponto de encontro de texturas, realidades e sombras, dos mais díspares e improváveis elementos que, numa lógica devedora da música de cabaré, se agregaram em seres orgânicos. Embora aqui e ali esboce cenários mínimos, esta série faz-se de personagens. São bonecos feridos, cortados e recordados, enxertados e transportados, mas cujas cicatrizes se tornam dobradiças. Apesar de parecerem em pose, estão em movimento no miolo de uma narrativa. Apanhamos estas personagens vindas de um acontecimento e a caminho de outra situação. Não surgem incomodadas, mas desafiantes. Mesmo na suprema indiferença algo nos dizem. Talvez fiquem doravante cristalizadas, elas mais os seus enigmas, na cera da nossa visão, mas estou em crer que basta virarmos costas para regressarem aos seus mundos desajustados e incertos regulados pelo soturno Saturno. Estão apenas parados em pause no seu pequeno teatro macabro (já tinha dito de cabaré?) invocando aspectos tenebrosos de um quotidiano que é, ainda que o não pareça, território comum. Não hesito ao revelar que Alex Gozblau recolhe estes fragmentos dos vários espelhos onde nos vemos, todos e cada um, no acordar nosso de cada dia. Assusta tanto como as instruções para montagem de móveis do Ikea (pedaços de matéria sujeitos à escravidão de uma ideia de modo a definirem em alfabeto de necessidades que forra cada uma das casas sem que isso nos proteja apesar do aparente conforto). Tudo são aparências, eis a ameaça. | João Paulo Cotrim


Má Raça

Má Raça

Má Raça

Má Raça

Má Raça

Má Raça


Data

De 13 de Março a 25 de Abril de 2010

Links de interesse

Alex Gozblau
Site do autor

Mistério e Alquimia

O segredo do Ruby e do Tawny

Sempre gostei de vinho do Porto. Mas, até há pouco tempo, pouco sabia acerca dele e nunca percebi porque havia um que se chamava Ruby e outro Tawny… Para mim era tudo vinho do Porto e nada mais…
Até que um dia conheci os Niepoort…
Pediram-me que lhes desenhasse uma história sobre o vinho do Porto que explicasse sobretudo as diferenças entre Ruby e Tawny. Empenharam-se em que eu percebesse bem todo o processo da sua elaboração desde o princípio. E abriu-se-me então todo um universo até aí desconhecido para mim. Primeiro, levaram-me ao Douro. Era a primeira vez que eu ia ao famoso vale encantado em escada… E conheci as vinhas, graficamente sinuosas com rio ao fundo, os lagares de granito, as pessoas que lá vivem, trabalham e cujos pés ainda pisam as uvas. (Porque, pelo menos para o vinho do Porto, parece que, felizmente, ainda não há nada tão bom que possa substituir as pessoas…)
Começou então o desvendar do segredo do Ruby e do Tawny, uma história de mistério e alquimia: Ao líquido doce das uvas pisadas é misturada aguardente. Forte (77%). Nas semanas seguintes, estes dois líquidos vão combinar-se num único e mesmo vinho, o que pára o processo de fermentação e faz com que o doce permaneça. Mas, nessa altura, ainda não é vinho do Porto, muito menos Ruby ou Tawny. Está numa fase de gestação… Ao fim de seis meses, dá-se então o nascimento do Ruby e do Tawny… Nessa altura, eles têm que partir e deixar o Douro para sempre, rio abaixo, até às misteriosas e sombrias caves em Gaia.

E a luz radiante do Douro dá lugar a uma luz escassa, filtrada, mágica. Em vez de vinhas, há filas e filas de balseiros, de tonéis, pipas e barris. Se não soubéssemos que aquilo é mesmo real, dir-se-ia que tudo foi estrategicamente estudado para criar um cenário fantástico e cinematográfico: até o bolor negro e as teias de aranha das paredes parecem ter sido colocados ali de propósito para aumentar o suspense e aquela arquitectura vertiginosamente desnivelada e angulosa da escarpa do Douro poderia ter sido cuidadosamente planeada para obter uma perfeita mise-en-scene. Aqui, apesar de partilharem o mesmo tecto, o Ruby e o Tawny vão ganhar personalidades completamente diferentes há medida que o tempo avança.
Quando chegam a Gaia, o jovem Ruby é colocado em tonéis grandes durante um período de tempo que, falando em linguagem de vinho do Porto, se considera curto: 2 a 6 anos. Depois é engarrafado e é aí que vai envelhecer e ganhar as características que lhe dão nome. Ao ser colocado em garrafa muito jovem, está menos exposto à oxidação e vai preservar o gosto, aroma e cor do fruto de lhe deu origem: vermelha, Ruby. Por seu turno, o Tawny é colocado em cascos pequenos que o deixam respirar e é aí que envelhece durante anos e anos. Com o tempo, oxida, a sua cor torna-se dourada, o que também justifica o seu nome: Tawny. Torna-se sofisticado, delicado no aroma e ganha a sabedoria que só a idade permite… Assim me foram apresentadas as personagens principais da história que eu devia desenhar. Mas o Ruby e o Tawny não eram, para mim, os únicos elementos importantes… esses lugares especiais onde tudo se passa e todas as pessoas que fui seguindo para compreender a história também faziam parte dela: se imediatamente associei o Ruby e o Tawny aos gémeos TweedleDum e TweedleDee da Alice…, o Douro e as caves de Gaia fazem-me lembrar os lugares fantásticos do próprio País das Maravilhas e, cada pessoa que conheci, uma das suas personagens.
Desenhei-os então, nesta livre adaptação de Alice no País das Maravilhas: Começa numa cidade cinzenta, com homens cinzentos, todos iguais, todos demasiado ocupados. Mas, subitamente, surge o Coelho Branco não se sabe de onde e desaparece numa ruela escura. Um dos homens cinzentos segue-o e descobre uma pequena porta ao fundo do beco, por onde certamente o coelho desapareceu. O buraco da fechadura tem a forma de um copo por onde escapa um raio de luz. Intrigado, o homem cinzento abre a portinha e espreita… e aí descobre o País de Maravilhas do vinho do Porto: o Douro, os lagares, as caves. Aqui há contrastes de luz e sombra, há alegria, cor e todas as personagens são distintas umas das outras, é tudo bem diferente da cidade cinzenta…
Alice e todas as outras personagens estão ocupadas no processo de elaboração do vinho do Porto. Nascem então o Ruby e o Tawny, aos quais dei os nomes de RubyDum e TawnyDee. No início, são gémeos siameses, depois separam-se, passam por diferentes etapas e envelhecem cada um à sua maneira. Têm fatos de banho e barbatanas porque, afinal, passam toda a sua vida mergulhados num meio líquido, têm que estar bem equipados! O Coelho Branco, obviamente, é o Mestre do Tempo, é quem sabe gerir o segredo do envelhecimento do vinho do Porto. Quando o RubyDum e o TawnyDee já estão nas suas respectivas garrafas, todas as outras personagens se retiram sorrateiramente para que eles possam adormecer e envelhecer em paz.
O homem cinzento, que observara toda a cena, decide então deixar a cidade cinzenta e entra pela portinha secreta para o País das Maravilhas. Mas ele é grande demais, disforme, desajustado a este Universo. É então que prova o vinho das garrafas onde se lê “Drink Me”. O RubyDum e o TawnyDee, tal como génios, libertam-se da garrafa mágica e o homem cinzento transforma-se então em mais uma personagem da história. Todas estas personagens existem de facto… sei quem elas são, encontrei-as uma por uma ao longo da minha aprendizagem sobre o vinho do Porto: são a equipa Niepoort, gente apaixonada pelo que faz. Em cada uma delas reconheci uma personagem de Alice no País das Maravilhas: a própria Alice, o Coelho Branco, a Rainha de Copas, o gato de Cheshire, o Chapeleiro Maluco, até o homem cinzento que se transforma em personagem do vinho do Porto ao prová-lo. Foi um prazer e um privilégio enorme para mim conhecê-los. Esta história é para eles. | Regina Pessoa


Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia

Mistério e alquimia


Data

De 19 de Dezembro de 2009 a 24 de Janeiro de 2010

Links de interesse

Regina Pessoa
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Filmógrafo


Esta exposição contou com o apoio da Niepoort.