Etiqueta: covid-19

Tudo ao monte

Charlie Brown
© Peanuts Worldwide LLC.

Começou hoje o plebiscito que conduzirá Marcelo Rebelo de Sousa a ficar onde está, com tudo ao monte em filas intermináveis e em assembleias de voto que mais parecem terem sido improvisadas de um dia para o outro. Não vendemos cigarros, nem “jogos sociais”, esses bens de primeira necessidade, por isso temos a livraria encerrada, a nossa patriótica contribuição para a diminuição do número de “casos”.
Mesmo assim, online estamos com mais de 15.000 títulos, também já temos a encomenda de Janeiro disponível e podemos levar as encomendas à porta ou enviar por MRW.

Actualização

Afinal durou pouco e foi determinado que atender os (poucos) clientes à porta é perigoso. Infelizmente temos de apelar aos nossos amigos e clientes para receberem as suas encomendas em casa e talvez a darem uma olhada na livraria online.

Marcelo Rebelo de Sousa
O senhor Presidente da República, esta semana à porta de um hospital a explicar aos senhores jornalistas que a culpa é dos portugueses. A fazer esta figura e com o distanciamento físico ilustrado, a responsabilidade não explicou de quem seja. Não há perigo.
Transportes públicos
“Utilizando a máscara, cumprindo as regras de higiene respiratória, não há nenhum fator acrescido de transmissão da covid-19 nos transportes coletivos. Não há nenhum risco acrescido quando comparado com o estarmos aqui, por exemplo”, disse Matos Fernandes aos jornalistas. Não há perigo.
Festa do Avante
A Ministra da Saúde, Marta Temido, defendeu hoje que a lotação da Festa do Avante!, organizada pelo Partido Comunista Português (PCP), terá este ano que ser inferior à capacidade máxima de 100 mil pessoas do recinto. Não há perigo.
Presidenciais
Eduardo Cabrita afirmou que faz um balanço positivo da forma como decorreu esta votação antecipada para as eleições presidenciais de 24 de Janeiro. Não há perigo.
Livraria
É perigoso, aqui o vírus ataca.

E muitos outros exemplos existem. Desde filas à porta dos centros de saúde aos aeroportos, festas nocturnas, casamentos de seis dias, juventude à porta das escolas, passando pela campanha eleitoral e jantaradas… Uma visita a um estabelecimento do pequeno comércio, um parque infantil ao ar livre ou um passeio na praia, é que constitui o verdadeiro risco e a tal culpa que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa atribuem aos portugueses, depois de andarem quase um ano de medida casuística em medida casuística, sem cuidar sequer que o Inverno vinha aí, como na série televisiva. Exigir a ruína devia ser feito com parcimónia e por quem assume as suas responsabilidades.

Uma dificuldade prevista

Charles Burns
Ilustração de Charles Burns.

Quando a pandemia começou oficialmente e de forma desastrosa para a economia, principalmente para a pequena economia, designadamente para as poucas livrarias independentes que ainda existem, soubemos imediatamente que se mundialmente se manda fechar tudo em plena Primavera e Verão, a situação só poderia piorar no Outono e Inverno. Pela lógica aplicada anteriormente, já deveria estar tudo fechado há muito tempo, mas considerando os resultados iniciais que por incrível coincidência… coincidiram com a chegada do Verão e melhoria do tempo, com a economia de rastos, com o SARS-Cov-2 a ameaçar tornar-se endémico e finalmente, sem qualquer margem de manobra, as nossas autoridades continuam a expelir medidas avulsas. Hoje, fechamos ao Sábado depois das 13h00, amanhã não sabemos. E como pela natureza do vírus, há um desfasamento de 15-20 dias entre medidas adoptadas e resultados, as “soluções” vão-se sobrepondo e atropelando sem realmente grande relação entre causa e efeito.
Ainda não fazemos o apelo a que nos salvem, como tantas e tantas livrarias por esse Mundo fora, das mais icónicas como a Strand em Nova Iorque, às mais anónimas e desconhecidas. Mas fazemos o apelo sincero a que nos visitem e que se possível, comecem a antecipar eventuais compras de Natal, porque realmente não sabemos como vai ser em Dezembro. Gostando o cliente típico de deixar tudo para a última da hora, não é pedir pouco. (Obviamente, sempre cumprindo as normas já conhecidas, que têm sido cumpridas sem uma única excepção, o que agradecemos.) Como época natalícia, calculamos sem dificuldade que irá ser certamente a pior em quase 30 anos de existência.
Há uma grande diferença relativamente ao início da pandemia, que é continuarmos a receber as encomendas e as novidades dos EUA. Todas as editoras, também a DC, TKO, brevemente também acessórios, bags e boards da BCW, está tudo a funcionar quase normalmente. Assim sendo, constatamos uma vez mais que para ultrapassar esta crise, só dependemos de nós e da nossa comunidade de amigos e clientes. A vossa visita é fundamental.
Para quem preferir não nos visitar pessoalmente, continuamos a enviar por MRW para todo o país. A vossa livraria online está agora a caminho dos 14.000 títulos e muito agradecemos as vossas encomendas. Obrigado e muita saúde para todos.

Uma dificuldade imprevista

Airmail

Tendo a nossa distribuidora nos EUA recomeçado as operações ontem, hoje contávamos com boas notícias e saída da nossa carga com as esperadas novidades.
Em vez disso, somos informados da duplicação efectiva dos custos por parte da transportadora. Um mail lacónico diz-nos unilateralmente que “due to current situation, our contract rates are not valid” e que cobrarão uma “Emergency Capacity Surcharge”. Até obtermos explicações mais cabais, consideramos isto um aproveitamento inaceitável de uma situação que afecta (quase) todos. A livraria já está sob imensa pressão, a duplicação dos custos de transporte é completamente insustentável.
Assim sendo, cancelamos o envio e solicitamos mais informações, designadamente até quando se manterá a tal “Emergency Capacity Surcharge” — ainda hoje pagamos uma taxa de segurança de $0,12 USD por quilo como consequência dos atentados de 11 de Setembro. Pelo que vos pedimos paciência.
Mais uma vez se constata que para ultrapassar esta crise, só dependemos de nós e da nossa comunidade de amigos e clientes.
A vossa visita é fundamental. A livraria online está agora a caminho dos 10.000 títulos e muito agradecemos as vossas encomendas. Continuamos a enviar por MRW para todo o país. Obrigado e muita saúde para todos.

Actualização: Parece que além de haver menos carga, as companhias estão a encher os aviões de passageiros com mercadorias (New York Times). São as mesmas empresas que mal o petróleo aumenta nos brindam com mais uma taxa “fuel surcharge”, mas agora que compram combustível por cêntimos, duplicam os preços com uma taxa “covid-19”.

Hipertexto #99

A história de Big Numbers
Bill Sienkiewicz discute o desenvolvimento desta novela gráfica inacabada. Aqui a segunda parte.

Isto está para lá da grande depressão
Irá a banda desenhada sobreviver à Covid-19? Sim. The Guardian.

Gryphon Diablo 300
Um amplificador integrado do audio super-high-end inspirado no Darth Vader.

Como desenhar qualquer coisa em seis passos
New York Times.